DISCOS
Ruben Alves
Súbito
· 20 Out 2008 · 15:33 ·
Ruben Alves
Súbito
2008
Mbari


Sítios oficiais:
- Ruben Alves
- Mbari
Ruben Alves
Súbito
2008
Mbari


Sítios oficiais:
- Ruben Alves
- Mbari
Improvisações ao piano solo nas mãos e cabeça de Ruben Alves, com postal de viagens e tratado sobre o tempo.
A música improvisada é a raiz de Súbito, disco de catapulta para o mundo das edições da Mbari e terceiro disco a solo do pianista Ruben Alves. Não se trata do mais importante pianista de jazz português, mas é certamente um dos mais activos e está entre os mais interessantes. Tem trabalho vasto, em colaborações com inúmeras figuras da música popular portuguesa e do jazz, participações artísticas em teatros e musicais, como mentor do Ruben Alves Trio e Ruben Alves Emsemble e de outros projectos como Triângulos (mescla de culturas diversas como a de Brasil e Cabo Verde) ou o duo com Pedro Carneiro que explora a interligação entre a música escrita e a música improvisada. Entre pausas para respiração surgiu Súbito, música improvisada para amigos, gravado em dois recitais de 2007 no bar do Teatro “A Barracaâ€, em Lisboa.

Nas palavras de Ruben Alves, Súbito “simboliza todas as mudanças que me acontecem de uma forma repentina e que me transformam continuamente. É uma homenagem ao tempo, uma reconciliação â€. Fazer vir à superfície todas as imagens que são sugeridas por uma música e, particularmente, por uma música de Súbito, é uma inquietação que angustia a disponibilidade e prende a atenção de cada um, e nisso é difícil fazer academias (embora as fotografias que acompanham o CD ajudem). Mas ler as palavras supracitadas pode ajudar a compreender o universo gravado, na perspectiva dos conflitos do autor com o tempo, sim, mas também da própria matriz primeira destes temas: a improvisação. Importa por isso descodificar as palavras e perceber o que é que de improvisação a improvisação tem. Antes de tudo estão as ideias e é sobre elas que nasce um universo, que cresce concorrente ao que a cabeça do autor está a prestar atenção e tempo. É nesta malha que os nós, os volta-faces, os empecilhos, não só não chateiam de morte, como são de fruir e saborear.

Se o jazz é influência e serve quase sempre de etiqueta para os trabalhos sobre a manta da improvisação, neste disco ele está cá mas sempre ao longe, emergindo sempre que as linhas românticas e impressionistas se deixam fragilizar. Mas tudo isto são areias movediças, e como é dito no excelente texto da editora sobre o álbum, que vale a pena ler, “é meramente retórico, neste contexto, reduzir seja o que for à soma das suas influências e nem no caso se aplicaria o ardil.â€
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

Parceiros