DISCOS
Master Musicians Of Bukkake
Totem One
· 18 Set 2009 · 00:48 ·
Master Musicians Of Bukkake
Totem One
2009
Conspiracy Records


Sítios oficiais:
- Master Musicians Of Bukkake
- Conspiracy Records
Master Musicians Of Bukkake
Totem One
2009
Conspiracy Records


Sítios oficiais:
- Master Musicians Of Bukkake
- Conspiracy Records
Se Brian Jones tivesse continuado na direcção do psicadelismo, recrutado instrumentistas amigos, e viajado mais para Oriente, daí resultaria algo grande. Felizmente, de algo semelhante resulta outra coisa muito boa.
Há duas formas alternativas de encarar a música feita por este colectivo de nome pornográfico (não, não vou dizer). Ou se pensa neles como uma banda que tem pouco a fingir que tem muito a fingir que faz pouco, ou como uma banda que tem muito a fingir que tem pouco a fingir que faz muito. Qualquer que seja a opção escolhida, ao menos não ficam dúvidas, no final da audição, que este grupo de músicos ligados aos Secret Chiefs 3, Sun City Girls, etc, é capaz de impôr ao ouvinte um ambiente inescapável de cerimónia pagã, e tudo isso no bom sentido.

Apesar da parafernália de instrumentos empregues, é sobretudo difícil escapar à parte rítmica, composta pela bateria normal, e diversos gamelões. Algo que remete para as performances dos No Neck Blues Band. Já as guitarras, mesmo dividindo-se entre as de toada mais cósmica, e as de espécie acústica, nunca deixam que o círculo se quebre, fornecendo psicadelismo, mantras acompanhados por cânticos, turbilhões. Em “Schism Prism / Adamantions”, por exemplo, o uso da viola d’arco de Alan Bishop e de uma guitarra mais doomy, recorda os saudosos Noxagt em versão psych-indiana. E em “People Of The Drifting Houses” estamos numa Bollywood eléctrica, desprovida de excessos, e de efeito novamente mântrico poderosíssimo. O acústico e o eléctrico complementam-se ao invés de se contrariarem, como é o caso em “Cascade Cathedral”.

Depois de tudo o que já foi dito, pense-se igualmente que falta falar dos mellotrons, tempura drones, flautas, sintetizadores, e perceba-se que esta é uma banda que não deixa o seu espectro sónico ao acaso. É preciso fazer com que quem ouve se queira isolar do mundo, correr as persianas, e balbuciar palavras que não lhe são familiares. É preciso que as frequências queiram saltar para fora do aparelho que toca o álbum. É preciso que a convicção retire qualquer acusação de turismo cultural, ou que o prazer seja tanto que os procuradores públicos fiquem em casa. Já o conseguiram em disco. Agora que tal trazê-los a Sines?
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com
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