DISCOS
Caribou
Swim
· 04 Jun 2010 · 12:03 ·
Caribou
Swim
2010
City Slang


Sítios oficiais:
- Caribou
- City Slang
Caribou
Swim
2010
City Slang


Sítios oficiais:
- Caribou
- City Slang
Inspiradíssimo disco pop do bicho mais afamado do Canadá.
Já ninguém se lembrará de Daniel Victor Snaith, matemático trintão formado na Universidade de Toronto. Mas se falarmos em Caribou, anteriormente conhecido como Manitoba, trintão da electrónica actual, um certo respeito emerge de imediato. E se isso fazia tanto sentido de há uns anos para cá, então a partir de 2010 é certo que o músico será reconhecido enquanto nome maior da electrónica caseira com laivos pop.

Já o bodyspacer Miguel Arsénio tinha reconhecido, há uns anos atrás, certas parecenças entre Caribou e Four Tet, tanto na forma como no conteúdo. Neste ano de viragem de década, os dois músicos voltam a combater no mesmo palco, mas há uma diferença fulcral que beneficia o primeiro, o que não significa necessariamente que Swim derrote There Is Love In You. O uso da voz de Daniel Snaith é um tiro certeiro no que concerne à harmonia que consegue originar com a vertente instrumental. Já Four Tet “limita-se” a trabalhar os instrumentos que maneja ao pormenor. Chega de comparações, o bicho desenrasca-se sozinho.

“Odessa”, logo a cortar a fita, é o melhor tema do disco. Single óbvio, sem defeitos a apontar, dançável e com um baixo a dar as indicações dos passos a seguir. A voz suave de Snaith contribui para fazer deste um dos temas incontornáveis de 2010 – decorrendo do facto de o disco já o ser. Por outro lado, sabemos também que este tem sido um ano de improváveis e voláteis condições meteorológicas, mas “Sun” é imune a qualquer desrespeito de S. Pedro, uma faixa que vicia e assiste a macacos uivantes deixando a sua marca. Já “Kaili” podia facilmente ser elevada a melhor canção do disco, não fosse a sua ausência de batida – caro Snaith, encare isto como uma recomendação, não uma crítica.

Mas se até aqui vínhamos elogiando a cançoneta do canadiano nascido nas terras de Sua Majestade, então há que realçar que, quando não faz uso das cordas vocais, a coisa também não corre para o torto. É isso “Bowls”, um instrumental de quase sete minutos repartido em três momentos temáticos distintos, do disco à pop passando por um house sublime, soberbamente encadeados.

É isto Caribou: um músico com capacidades de execução mais que provadas, à semelhança de Four Tet, mas com um portfolio mais arrojado ou, se quisermos, mais diversificado. Tão depressa cava raízes na pop mais melodiosa e mariquinhas como se lança por percussões tribais ou se aproxima do disco sound. Swim é, por isso, um dos discos mais inspirados de 2010, não fosse ele proveniente – e citarei novamente Arsénio, por não haver melhor que isto – “da fértil teta criativa de Daniel Snaith”. Uhhh.
Simão Martins
simaopmartins@gmail.com
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