DISCOS
You Can´t Win, Charlie Brown
Chromatic
· 14 Dez 2011 · 22:03 ·
You Can´t Win, Charlie Brown
Chromatic
2011
Pataca Discos


Sítios oficiais:
- You Can´t Win, Charlie Brown
- Pataca Discos
You Can´t Win, Charlie Brown
Chromatic
2011
Pataca Discos


Sítios oficiais:
- You Can´t Win, Charlie Brown
- Pataca Discos
Charlie can´t lose.
Como se atravessássemos um bosque, somos invadidos por cheiros e tonalidades, o vento bate-nos na face e galhos estalam à nossa passagem. Tal como a Natureza se apresenta em constante mutação, com plantas a nascer, folhas a cair, dias que aumentam ou diminuem, estas músicas ora anunciam a chegada da Primavera, ora carregam prenúncios outonais. Chromatic é um título que assenta como uma luva a esta estreia: estamos perante uma paleta de cores, cheiros e texturas. Uma pop/folk complexa nos ingredientes utilizados mas que resulta em canções que comunicam facilmente aos ouvidos e às emoções. A criatividade e o apurado sentido estético que por aqui andam de mãos dadas não se perdem em exercícios de show off nem em demonstrações de virtuosismo pueril – estão ao serviço das canções, como deve ser.

Cruzam-se elementos orgânicos (guitarra acústica e outras cordas, palmas) com electrónica, como noutros projectos contemporâneos – já ouviram de certeza as comparações, mais ou menos certeiras, com Fleet Foxes ou Grizzly Bear, por exemplo –, mostrando mais uma vez como as barreiras entre o digital e o analógico fazem cada vez menos sentido, sendo ambos meios ao serviço das canções e não um fim em sim mesmo. Mas este projecto tem uma identidade própria, apesar das referências que, como é natural, se podem ir buscar, aqui e ali.

Nota-se também uma assinalável coesão. Tal como numa equipa, o valor do colectivo sobrepõe-se à soma das partes ou dos talentos individuais. Não é que lhe faltem canções memoráveis. “Green Grass #1” é belíssima, todos os elementos trabalhados de forma cuidada sobre o tapete sonoro; e “I´ve Been Lost” (fusão perfeita entre as palmas, a voz e a bateria nervosa) ou “An Ending” são outros grandes momentos. Mas o disco encarado como um todo sobrepõe-se às faixas isoladas, o que só o valoriza. Uma estreia destas não são peanuts. Estamos na presença duma vitória em toda a linha para os amigos do Charlie Brown.
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net
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