Listas dos melhores 2006
· 28 Dez 2006 · 08:00 ·

Top álbuns 2006 · Top álbuns portugueses 2006 · Momentos 2006 · Tops ilustres

20: 
Lisa Germano In the Maybe World
Young God Records / Sabotage


Em Lullaby for Liquid Pig (2003), Lisa Germano meteu-se dentro de uma concha, deixou-se ir até ao fundo do oceano e de lá decidiu contar-nos a sua visão das coisas do mundo, em canções despidas e de mente livre. Três anos depois volta a fazer algo parecido com In the Maybe World (o primeiro com selo Young God). Canções sobre gatos e telefonemas, canções simples e sobre coisas simples – tudo feito de forma superior. Foi até possível confirmar tudo isto em três concertos em Portugal: dois no Theatro Circo e um no Santiago Alquimista. Mas In the Maybe World vale sozinho como disco. Vale tudo em “Golden Cities” (por Zeus aquele assobio), em “Red Thread”, em “The Day” e em todas as outras. Canções tão delicadas que só poderiam vir da voz de Lisa Germano. É verdade, é oficial: ela voltou a fazê-lo. André Gomes
19: 
The Divine Comedy Victory for the Comic Muse
Parlophone

Detentores de uma das mais respeitadas e estáveis carreiras do panorama musical britânico, o grupo responsável por Regeneration e liderado por Neil Hannon, não abandona os princípios da elegância, grandiosidade musical e prosa certeira. Considerando o lançamento anterior a este, o recomendável Absent Friends, dir-se-ia que estamos perante a mesma colheita. Nele descobrimos o já conhecido gosto pela censura social servido numa bandeja de ironia em prol do cómico. Respeitando esta característica, "To Die a Virgin" não deve passar despercebido. E, sem trazer novidade, facto é que este novo registo apresenta provavelmente um dos mais sólidos e felizes singles do historial da banda: "Diva Lady". Se devemos congratular uns pela habilidade da metamorfose, sejamos capazes de elogiar os que mantêm a fasquia alta fiéis ao mesmo. Eugénia Azevedo
18: 
Wolf Eyes Human Animal
Sub Pop

É o quinto disco "mais a sério" da avalanche de registos que os Wolf Eyes já lançaram em várias micro-editoras (enquanto lê este texto pode estar a sair novo CD-R, cassete ou vinil). Human Animal, o segundo longa duração na gigante Sub Pop, apanha os terroristas de Michigan em topo de forma, cada vez mais sábios e subtis na exploração de atmosferas devedoras dos Throbbing Gristle ("Rationed riot") e de descargas ruídosas que sacam do punk e do metal a sua força bruta - "Noise not music", para além de slogan acertado, é uma sessão de pancadaria prazenteira. Apesar do seu saudável apelo metaleiro, são os detalhes (destaque para o saxofone de John Olson) e a gestão da tensão que fazem de Human Animal um disco maior na discografia dos líderes do underground noise actual. Pedro Rios
17: 
Ty Closer
Big Dada

Que o single “Closer” é uma das melhores e mais viciantes canções do ano já poucos duvidavam, o que bastantes podem não saber é que o disco, Closer é uma maravilha a ser descoberta e que canções como “This Here Music” ou “The Idea” são hip hop de qualidade acima da média. Em criança Ty ouvia hip hop às escondidas da sua mãe (que não o aprovava), mas quis o destino que o mesmo o viesse a fazer ao olhar de todos. Ao terceiro disco o rapper britânico com residência na Big Dada pode muito bem ter assinado o seu melhor disco até à data. E é bem provável que “Closer” venha a por em perigo o bom funcionamento da tecla de repetição automática, ao mesmo tempo que ilumina positivamente um qualquer dia vulgar. André Gomes
16: 
Yo La Tengo I'm Not Afraid...
Matador / Popstock Portugal!

Por não terem conseguido recrutar suficientes ilustres convidados para o concerto que anualmente celebram por ocasião do Hanukkah (festa celebrada pelos Judeus com um espírito de fraternidade semelhante ao do Natal), os Yo La Tengo optaram, este ano, por dar continuidade à longa digressão e adiar até ao próximo ano a organização de um desses eventos muito especiais. Inversamente e porque provavelmente disporiam de um imenso arsenal acumulado durante três anos relativamente discretos, fizeram de I’m not Afraid of You and I Will Beat Your Ass a abarcante besta de carga que suporta todos os estilos e sentido prático de que são capazes os Yo La Tengo (todos esses mais detalhadamente discriminados no texto a que se acede clicando na capa do disco ao lado). Ou então e porque as vontades não necessitam obrigatoriamente de estar desencontradas, o último disco dos Yo La Tengo pode até ser a fixação permanente do espírito de prosperidade e perseverança que representa o Hanukkah no calendário judaico. Em qualquer um dos casos, nasceu neste o disco que salvou os três magníficos de Hoboken da relativa indiferença que havia vitimado Summer Sun. Miguel Arsénio
15: 
Six Organs of Admittance The Sun Awakens
Drag City / AnAnAnA

O que esperar de Ben Chasny depois de tantos anos em acção e de tantos discos enquanto Six Organs of Admittance? Provavelmente uma certa recriação, uma mudança de rumo. E isso é precisamente o que aconteceu em The Sun Awakens (segundo pela Drag City), algo que School of the Flower, de certa forma, já antecipava. Ben Chasny parece hoje mais inclinado para canções mais cheias, com mais electricidade, talvez inspirado pelo seu trabalho nos Comets on Fire. As suas canções devem cada vez mais à música psicadélica e a sua voz ganha aqui em The Sun Awakens uma crescente importância: já não é um extra é um instrumento com grande presença. Desde 2000 Ben Chasny já lançou 7 álbuns enquanto Six Organs of Admittance e a sua importância não tem parado de crescer. Long live Ben Chasny. André Gomes
14: 
Kode 9 & Space Ape Memories From the Future
Hyperdub / Flur

Depois da experiência de Burial, Kode 9 & The Spaceape confirmam a tendência para a exploração sonora obscura em torno das linguagens do dubstep. Serão memórias de um futuro apocalíptico ainda por viver? The Spaceape, entre a sanidade e a loucura, parece enuncia-las num tom assombroso enquanto que a música de Kode 9 reforça a ideia enigmática de poderemos vir a ser possuídos por um vírus alienígena. Qual dos dois estará perdido nos mais belos sonhos da paranóia? Provavelmente os dois. Porque a delírio é colectivo e capaz de gerar as ideias mais improváveis, algumas delas expostas com eloquência por entre o negrume dos sons e palavras de Memories of The Future. Rafael Santos
13: 
Xiu Xiu Air Force
5 Rue Christine

Desde o inicio que os Xiu Xiu dividem opiniões. Há quem os odeie, há quem os adore. Parece ser um daqueles casos em que o meio-termo foi tirar férias e não voltou. Jamie Stewart parece sentir-se em forma, que é como quem diz acentuadamente prolífico. Mas tal como sempre, nenhum disco dos Xiu Xiu é igual ao anterior – ou a qualquer outro no passado. Este The Air Force tem os momentos mais reservados de La Forêt e os mais esquizofrénicos de Fabulous Muscles (“Boy Soprano” é das melhores coisas de sempre dos Xiu Xiu); é mais hi-tech e até tem voz que não a de Jamie Stewart: Caralee McElroy empresta dotes vocais em “Hello From Eau Claire”, pop camuflada e bizarra. Não há como resistir quando em "Save Me" Jamie Steart afirma: "the grey light of Porto stay with you". É provavelmente o disco mais ecléctico dos Xiu Xiu até à data. E já lá vão cinco desde 2002. André Gomes
12: 
Cat Power The Greatest
Matador / Popstock

Apetece dizer que The Greatest devia acabar logo no início, em “The Greatest”, faixa de abertura: porventura uma das mais belas baladas jamais escritas, em que se Chan Marshall não está a falar de si própria, está a disfarçar muito bem. Mas também é injusto resumir o álbum a uma só música, se bem que “The Greatest” por si valha o preço do álbum: há “Lived in Bars”, festim para metais e coro catita, ou a minimalista “Hate”. Gravado em Memphis, com músicos veteranos sulistas, o disco transpira amor pela soul, blues e gospel e tem uma forte componente orquestral, com muitos metais à mistura. Se bem que o disco não deixe de parecer moderno, Chan sabia exactamente o que queria: dar-lhe um tom mais envelhecido. Daí o pequeno interlúdio anunciando a faixa seguinte, como se estivéssemos a ouvir uma velha rádio perdida no sul dos EUA, há 50 anos atrás. João Pedro Barros
11: 
Belle & Sebastian The Life Pursuit
Matador

Ao sétimo disco, os Belle and Sebastian assumem de vez a candidatura a uma missão para a qual pareciam talhados desde sempre: a feitura de um disco que servisse de banda sonora das nossas vidas - as deles e as de quem se revê de alguma forma nas actualizações dandy de todo o cancioneiro britânico mais estimado e revolvido por fetiche dos seus admiradores eternamente académicos. Permanecendo intacta a capacidade de anularem os dissabores de situações miseráveis com a mais subtil das ironias ou com invocações nostálgicas (propriedade por aqui explorada, mais do que nunca). Os Belle and Sebastian encaram desembaraçadamente a inevitabilidade de, com pouco mais de 10 anos de carreira, arriscarem um novo clássico a cada disco lançado. Miguel Arsénio

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